sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Regras Básicas de Avaliação do Amante

Para avaliar o amor da vossa amante, lembrai-vos:
1º - De que, quanto mais prazer físico entrou na base do vosso amor, no que noutros tempos determinou a intimidade, tanto mais ele está sujeito à infidelidade. Isto aplica-se sobretudo aos amores cuja cristalização foi favorecida pelo fogo da juventude, aos dezasseis anos.
2º - De que o amor de duas pessoas que amam não é quase nunca o mesmo. O amor-paixão tem as suas fases durante as quais, e sucessivamente, um dos dois ama mais que o outro. Muitas vezes a simples galanteria ou o amor de vaidade responde ao amor-paixão, e é sobretudo a mulher que ama com exaltação. Qualquer que seja o amor sentido por um dos dois amantes, a partir do momento em que sente ciumes, exige do outro que preencha as condições do amor-paixão; a vaidade simula nele todas as necessidades de um coração terno.
Finalmente, nada aborrece tanto o amor-gosto como a existência do amor-paixão no outro ou outra.
Muitas vezes um homem de espírito, ao fazer a corte a uma mulher, não consegue senão fazê-la pensar no amor e enternecer-lhe a alma. Ela recebe bem este homem que lhe dá um tal prazer. Ele começa a alimentar esperanças. Um belo dia essa mulher encontra o homem que lhe faz sentir o que o outro lhe descreveu.

 


O texto não é meu. Trata-se de um excerto de "Do Amor", de Stendhal, que me chamou a atenção pela sua sinceridade e intemporalidade.
Gostaram??


Um beijo
Vânia

2 comentários:

Anónimo disse...

Tendo em conta que o Stendhal era um mulherengo, não admira que procurasse desculpas para as relações não funcionarem. Ainda assim, é capaz de ter uma certa razão.

Vânia disse...

Sim, é verdade... Publiquei o texto porque achei interessante que a mentalidade dele, de um homem que viveu nos séculos XVIII e XIX, ainda hoje persista, porque afinal, mulherengos existiram ontem, existem hoje e vão existir amanhã, e que, apesar disso tudo, há coisas em que ele tinha razão. :D